A seguinte é uma redação que escrevi como tarefa de aula, janeiro 2012
Qualquer norteamericano que visite o Brasil vai perceber imediatamente a imensa variedade de frutas disponíveis no país. No café da manha, tem goiabada e suco de maracujá. No Rio, quase toda esquina tem uma lanchonete onde se encontra um cardápio cheio de duzenas de frutas, muitas delas completamente desconhecidas a quem mora fora do Brasil (mas o suco de abacaxí com hortelã supera tudo, na minha opinião). Nas praias, tem um multidão de barracas onde se vendem água de coco e açaí na tigela, tão refrescantes nos dias de quarenta graus. E à noite, nos bares, se pode curtir um caipi-fruta com pulpa de maracujá, manga, ou lima.
Se essa abundância parece inacreditável no início, bem logo após a visitante vai entender a que custa vem essa benção. Estou falando, claro, da completa falta de legumes na cozinha brasileira, cozinha que tem como grupos alimentares só esses quatro: fruta, carne, arroz com feijão, e salgadinho. Mas quando se trata do legume, o que é que tem? Xô ver: aipim, mandioca, macaxeira, cassava… Essa diversidade grande é comparável apenas com a possibilidade grande de morrer se qualquer um desses não foi preparado do jeito correto. Mas se quiser alguma coisa verde, talvez uma salada? Tadinho! Procurar uma boa salada no Rio é como procurar alguém na cidade que não goste do futebol.
Mas existe uma única redenção na paisagem culinária: o restaurante a kilo. Aqui você, farto de comer nada sem pão de queijo, coxinha, e uma coisa não-identificada recheada de catupirí, você se encontra, de repente, rodeado de um multidão de comidas deliciosas. Faminto, você começa a encher o prato: feijoada, couve, moqueca, sushi, bolinha de bacalhau … até você chega, com prato amontoado de comida, no fim, onde tem um bufé de sobremesas gostosos: bolo de banana, mousse de maracujá, pastelarias de toda forma. Mas naquele momento você realiza que já cometeu um grande erro de cálculo, porque não tem o mínimo espaço no prato pra sobremesa nenhum. Nesta conjuntura, a pessoa rasoável decidiria levar o prato pra pagar e voltar mais tarde pra experimentar as sobremesas. Mas você não é pessoa razoável. Você percebe como o restaurante já está lotado de pessoas chegando pra a hora de almoço. Se você voltasse mais tarde, demoraria muito na fila do caixa. Não! De jeito nenhum. “Vamos botar pra quebrar!” você pensa, e começa a empilhar o prato (já sobrecarregado) com bolo, com mousse, com pastalaria. E com uma fatia de torta, que tomba do topo do morro e acaba no feijão.
Você chega enfim no caixa, muito satisfeito consigo mesmo, com sorriso largo, antecipando a banqueta que tá chegando. Coloca o prato na balança. A moça te olha com muita suspeita. “Fica quinze reais”, diz ela. Graças a Deus, você pensa, só quinze reais por toda essa comida? Nossa, eu devo voltar aqui pra o jantar! Quem gosta mesmo de legume, afinal?
(copied from reply to your comment on my blog…)
Oi Lauren, parece que até Marcelo encontrou seu blog antes de mim ;)
Gostei muito do seu blog também, muito bacana e bom visual. Temos objetivos bem semelhantes de fornecer recursos de nível avançado, o que muitas vezes falta até nos sites pagos.
Igual você, eu tinha amigos do Brasil no exterior. Era por isso que melhorava minhas habilidades de escutar no início. ….Ao ir pro Brasil, me assustei com o fato que minhas habilidades eram na verdade fracas. Encontrei um monte de pessoas falando besteiras, gírias grossas, ou num jeito meio bêbado e boçal. Eu tive vontade de me afastar, pensando que é melhor nem aproximar quem não fale de jeito educado, mas na verdade foi este contato que me ajudou mais.
Sendo muito familiar com o conteúdo que o seu blog trata, dei uma olhadinha rápida, e achei alguns recursos novos que acho que posso curtir. Principalmente, aquele LWT software. Obrigado por indicar!